sexta-feira, 3 de março de 2017

Uma belíssima lenda Africana

Recebi essa história de um amigo querido que sempre compartilha coisas belas...e se é belo, devemos seguir compartilhando...então, ai vai...gostosa leitura pra vocês



Diz uma lenda africana, que Oxum era a filha mais amada de Orumilá.

Quando a menina nasceu, seu pai deu-lhe de presente as águas doces, as cachoeiras e o poder de abençoar o ventre de todas as mulheres do reino.

Oxum cresceu bela, meiga e mimada. Tinha o coração doce, mas cheio de vontades.

Quando estava na idade de se casar, muitos pretendentes apareceram às portas do palácio de Orumilá. O primeiro a se apresentar foi Oxossi, o caçador, que presenteou o rei com lindas peles, animais e frutos em abundância. Orumilá acreditou que a filha seria feliz com aquele homem que sustentaria a casa e sempre proveria a mesa, afinal Oxossi era um grande caçador.

E Oxum foi entregue a Oxossi, indo com ele para a sua floresta.

Mas em pouco tempo Oxum estava triste e deprimida. Apesar de Oxossi ser forte e belo, passava o dia inteiro pelas matas, sempre em busca de troféus para os seu salão de caça. Além disso, observava Oxum, Oxossi possuía modos grosseiros, nunca a elogiava e sequer oferecia carinhos. Em lágrimas, Oxum enviou um mensageiro relatando as tristezas ao pai que imediatamente cancelou o noivado.

O segundo pretendente foi Ogum, o grande general, senhor dos exércitos de Oxalá. Além das patentes, Ogum era também um grande ferreiro. Pelas suas qualidades Oromilá acreditava que ao lado desse guerreiro, Oxum estaria sempre protegida. Assim, entregou a filha a Ogum, que a escoltou com seu poderoso exército.

Ogum também era forte, jovem e belo. Mas só pensava em guerrear, em criar estratégias e alimentar a vaidade do seu exército. Além disso, Ogum era ríspido com Oxum, e reclamava, sem medir palavras, sobre a meiguice e de Oxum - que considerava intragável.

Oxum chorou. Enviou um mensageiro relatando suas tristezas ao pai que imediatamente cancelou o noivado.

Muitos outros pretendentes continuaram a chegar, mas Oxum recusava a todos temerosa de sofrer novamente.

Um dia um maltrapilho pediu abrigo às portas do palácio de Orumilá. O Rei imediatamente quis dispensá-lo, mas Oxum compadeceu-se do peregrino e implorou ao pai que o acolhesse.

O homem banhou-se, ganhou roupas limpas, comeu, bebeu e repousou. Agradecido, fez uma trova que dedicou a Oxum. A princesa ficou encantada e pediu se aproximasse do trono. O homem recitou outros versos, contou-lhe histórias. E pediu permissão para lhe pentear os cabelos, enquanto lhe cantava trovas.

Um dia, o peregrino precisou partir. Curvou-se diante do trono e agradeceu a hospitalidade que lhe foi oferecida. Oxum chorou e disfarçadamente implorou ao pai que impedisse a partida do homem. Orumilá argumentou que nada poderia fazer para impedi-lo, a não ser acorrentá-lo, mas mesmo assim seria injusto, pois que ele nada de mal lhes fizera.

Depois da partida daquele estranho Oxum chorou as noites que se seguiram. Observando a lua, sentia a falta do humilde trovador.

Cansado de ver a filha triste e querendo ver sua filha desposada, Orumilá convidou os melhores partidos para que a filha escolhesse seu futuro esposo. Organizou um grande baile, mas Oxum, deprimida, não quis saber de ninguém. Aborrecido, o rei exigiu que a filha escolhesse por bem o futuro marido ou então, ele mesmo, o faria.

No dia da grande festa, Oxum passeou os olhos por entre os convidados, mas nenhum a agradou: todos eram homens ricos e poderosos; belos e fortes, mas nenhum lhe falava ao coração.

Foi então que Oxum avistou entre os convidados o andarilho trovador. A jovem correu até o homem, levou-o até o trono de Orumilá pedindo a ele que cantasse. O andarilho assim o fez. Sob o olhar de todos, cantou e recitou poemas - todos dirigidos a Oxum. A princesa, emocionada, disse ao pai que aquele homem era o homem que tanto sonhava. Orumilá, os convidados e toda a corte gargalharam. Onde já se vira tamanho disparate, a filha do rei casar-se com um mendigo? Oxum gritava defendendo o peregrino contra o desprezo dos demais.

Foi então que se ouviu o som de uma trovoada! O chão estremeceu e o peregrino foi atingido em cheio por um raio. Para grande surpresa e espanto de todo a corte, o estranho transformou-se em Xangô, o senhor da Justiça, o maior juiz de Iorubá.

Orumilá perguntou-lhe por que ele não se apresentara como realmente era desde o início. Xangô respondeu que não desejava o amor e nem o dote de Oxum. Ele desejava apenas uma mulher que fosse justa como ele, por isso, disfarçou-se de andarilho, preferindo conquistá-la pelo coração e pela sensibilidade. Ele agora tinha certeza de que Oxum seria a sua verdadeira rainha, pois que ela o amava, não por seu poder, mas por suas qualidades.

Abatido pela sabedoria de Xangô, Orumilá concedeu a mão de sua filha.

Xangô levou Oxum para o seu reino, em Oyó, onde a princesa foi coberta de carinhos dengos, sedas, e filhos. Xangô a presenteou de Bondade e Amor tornando-a Rainha do Ouro e da Prosperidade. Oxum nunca mais chorou de tristeza. Se o fez, foi somente de alegria. Ah! Antes de terminar essa lenda, ela aprendeu a cantar todas as cantigas de Xangô. A quem jamais deixou.


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